Instituto de pesquisa prevê transformação da região este
ano. Big Data, infraestrutura convergente, e SDx (Tudo definido por
software) estarão em alta.
Da Redação
04 de fevereiro de 2014 - 07h30
O ano de 2014 será um de crescimento mais moderado para a
indústria de Tecnologia da Informaçã e de telecomunicações na América
Latina, em comparação com os anteriores. As empresas e as indústrias
começarão a transformação completa das soluções de outras plataformas
que tiveram início em 2013, de acordo com analista da IDC América
Latina.
O investimento em TI este ano, na região, será de US$ 139 bilhões,
com um crescimento de 8,4% em comparação com o fechamento de 2013. Já os
gastos com serviços de telecomunicações alcançarão US$ 219 bilhões, um
crescimento de 8%. Os tablets, smartphones, serviços de TI,
armazenamento e software embutido serão as categorias de crescimento
mais rápido de TI, com 34%, 18%, 11%, 11% e 10% respectivamente. Brasil e
México continuarão sendo líderes na adoção de tecnologia, mas os
fornecedores estarão realizando apostas de longo prazo em países que vêm
mostrando uma clara preferência pelas políticas de livre comércio que
incentivam o aumento dos investimentos em TI, tais como Colômbia, Chile e
Peru.
Entre as principais previsões da consultoria para a região, estão:
1. Mudança no poder de compra: Os executivos seniores (C-Suite) continuarão ganhando importância nas decisões de TI
A terceira plataforma tecnológica mostrou que a
nova dinâmica do mercado está sendo de ruptura, uma vez que foram
minimizadas as conversações técnicas e os processos de negócios estão se
tornando o centro das atenções. É importante destacar que, longe de
diminuir a relevância da tecnologia, este cenário a transforma até o
ponto em que ela mesma já não seja uma ferramenta de negócios, senão, no
próprio negócio.
A relevância dinâmica da terceira plataforma é tal
que implica em uma transformação integral das linhas de negócios,
gerando uma nova forma de pensar sobre como relacionar este novo
processo de pensamento de TI. Áreas como marketing, vendas e recursos
humanos aumentarão seu envolvimento na aquisição de tecnologia em até
60% em 2014, e cerca de 20% de todo o investimento em hardware, software
e serviços das empresas serão ancorados pelos orçamentos das linhas de
negócios, resultando em quase US$ 10 bilhões de investimentos.
2. A terceira Plataforma Tecnológica aumentará a pressão sobre a capacidade da rede
Em 2013, a IDC previu o aumento das tecnologias da terceira plataforma e seus quatro pilares:mobilidade, cloud, Big Data e Social; no entanto, a rede não esteve à margem das pressões adicionais de conectividade colocadas pelas novas tecnologias de ponta.
As novas tecnologias que consideram cada vez mais a
integração de conceitos tais como globalização, produtividade,
colaboração, inovação e orientação para os negócios, conduziram as
tendências que demandam melhorias na rede para gerenciar o crescimento
de voz e vídeo sobre IP, bem como a proliferação de dispositivos
wireless conectados à rede, virtualização e crescimento de cloud
computing.
De acordo com uma pesquisa recente da IDC,
realizada com líderes de tecnologia na região, mais de 53% das empresas
disseram que requerem uma rede mais robusta na América Latina e 61%
deles afirmaram que a disponibilidade de banda larga é uma das
principais preocupações.
A estratégia da tecnologia será um híbrido e
implicará uma série de estratégias combinadas, onde a tecnologia fixa
(fibra - FTTx) e a tecnologia móvel (3G – 4G) irão complementar-se.
De
um ponto de vista técnico, o Wi-Fi aparecerá como uma solução chave
para a saturação da rede e do espectro, o que se mostrará como uma opção
atrativa, com custos baixos de instalação e de taxas regulamentares.
Em 2014, os mercados da América Latina
começarão a ver os planos de multimídias integradas com a Mbps como a
unidade de consumo dos preços, bem como mais e mais modelos de serviços
transacionais. A IDC visualiza que mais de 70% das empresas da América
Latina levará em conta a melhoria da segurança em WAN como seu principal
objetivo dentro de seus planos de otimização da rede.
3. O gerenciamento das cargas de trabalho
definirá a infraestrutura, facilitando o caminho da Infraestrutura
Convergente (IC) e o Software Define Everything – SDx (Tudo definido por software)
A adoção dos sistemas integrados foi pouco
acelerada; no entanto, o mercado continua a evoluir, a complexidade do
sistema cresce, e as implantações de data centers se expandem. Da mesma
forma, as empresas da América Latina começaram a acelerar a opção deste
tipo de arquiteturas em 2013. O crescimento dos investimentos em
infraestrutura convergente aumentou mais de 60% durante o primeiro
semestre de 2013. A crescente adoção da Infraestrutura Convergente foi
especialmente rápida nos mercados verticais como finanças,
telecomunicações, varejo e manufatura.
A IDC estima um crescimento de dois dígitos da
IC para 2014, derivada de uma proposta de valor direcionada pela
indústria, bem como a maior capacidade de integração através da camada
demiddleware. Em muitos casos, as arquiteturas da IC estão
posicionadas como um passo seguinte no caminho para a virtualização, em
um contexto de fornecimento dinâmico, em que a carga de trabalho e,
portanto, o software, é o que irá definir a demanda de infraestrutura.
Em 2014, a expressão “fornecimento dinâmico”
será comum e estará fortemente relacionada com qualquer iniciativa de
entrega como serviço (as a Service) de uma carga de trabalho;
ultimamente, o caminho é do fornecimento dinâmico que também levará ao
que se denomina tudo definido por Software (SDx).
O SDx permite que as infraestruturas de
computação sejam visualizadas e entregues como um serviço onde a
computação, redes, armazenamento ou inclusive o serviço completo de data
center são automatizados por software programável, o que resulta em
soluções mais dinâmicas e rentáveis. O SDx é apresentado como um
conceito de gestão de rede mais simples, ressaltando atributos como a
otimização da capacidade da rede, integração além do core da rede,
melhores padrões de interoperabilidade, soma de novas camadas de
inteligência da rede, e, portanto, novas métricas de desempenho desta.
O SDx facilitará a otimização da capacidade da rede, integração além do core da
rede, melhores padrões de interoperabilidade, soma de novas camadas de
inteligência da rede, e, portanto, novas métricas de desempenho desta.
A captação dos sistemas de infraestruturas
convergentes é resultado da demanda de pressão para a otimização da
gestão da carga de trabalho, independentemente de que se trate de riscos
de processamento de dados na indústria financeira, gestão de dados de
clientes nos setores de telecomunicações ou das indústrias de varejo, ou
da análise de negócios em organizações de manufatura ou de serviços.
4. Big Data/Analytics evoluirá da doutrina à realidade
Em 2013, a América Latina entrou em uma fase de
educação, em que se refere às tecnologias de Big Data, onde os players
do mercado dedicaram grandes esforços para criar uma consciência em
torno dos benefícios da implantação de uma inteligência superior ao
longo das redes e sistemas. Tais ações de mercado deram seus frutos até o
ponto em que os investimentos relacionados com o Big Data (em hardware,
software e serviços) foram elevados para US$ 450 milhões na América
Latina, somente em 2013. Este nível de investimento pode ser comparado
às tecnologias relacionadas com a nuvem durante 2011.
Em 2014, o Big Data se tornará um mercado com
massa crítica na América Latina, uma vez que as forças subjacentes que
promovem a adoção do Big Data são mais fortes na América Latina que nas
regiões desenvolvidas no mundo. Além disso, os dados não estruturados
como aqueles gerados nas redes sociais encontram um terreno fértil em
uma região como a América Latina, que tem a maior penetração do Facebook
em comparação com outras regiões do mundo. As pesquisas da IDC com
usuários finais mostram que a maior parte das organizações já captura
dados de áudio e vídeo na América Latina, em comparação com os Estados
Unidos, e, para 2014, mais de 20% das empresas de médio e grande porte
da região estarão analisando o bate-papo social, vídeo e dados de
geração por sensor.
Em 2014, as organizações empresariais
latino-americanas irão acelerar sua curva de aprendizado para derivar,
em última instância, as estratégias de marketing baseadas em métricas e
análises sociais. A IDC espera que mais de 60% das empresas na região
começarão a utilizar em 2014 as redes sociais públicas para a
comercialização / atendimento a clientes / vendas.
A IDC prevê o crescimento sustentável do Big
Data na América Latina, onde a soma de hardware, software e serviços em
torno do Big Data atingirá US$ 819 milhões durante 2014.
5. A modernização dos aplicativos continuará liderando o caminho para a adoção da nuvem pública
Em 2013, mais de 60% das principais empresas na
América Latina estavam construindo, transformando e ampliando sua rede e
infraestrutura para dar suporte às soluções da terceira plataforma e
estavam implementando o uso da nuvem pública. A partir do primeiro
semestre de 2013, mais de 34% das empresas na região estavam divulgando
e/ou tinham planos concretos para mover algumas cargas de trabalho para a
nuvem até 2014, tendo um impacto sobre a infraestrutura do data center,
uma vez que implica em requisitos adicionais de capacidade. Isto foi
validado pelos líderes tecnológicos latino-americanos entrevistados pela
IDC, os quais expressaram que, nos próximos cinco anos, a demanda dos
data centers aumentará em mais de 80%, o que acrescenta uma pressão
extra sobre as redes para oferecer uma capacidade segura, disponível e
superior.
Em 2014, os data centers na região continuarão
centralizando suas capacidades na prestação de serviços de nuvem pública
para as organizações latino-americanas. Os players mais importantes da
região no setor de telecomunicações manterão fortes investimentos em
infraestrutura moderna, bem como na preparação de recursos humanos,
especialmente em relação às certificações de segurança e gestão.
A IDC considera que o crescimento do mercado de
serviços de nuvem pública na região será um dos mais elevados em todos
os setores de tecnologia, crescendo cerca de 67% até 2014, atingindo
mais de US$ 1 bilhão. As empresas mais beneficiadas pela utilização
destas soluções serão aquelas que já se inseriram no caminho da nuvem
através das opções privadas e estarão prontas para assumir novas
mudanças em ambientes de nuvem pública.
6. Do BYOD ao "Mobile First”: as ferramentas de gerenciamento móvel irão empurrar a estratégia de negócios para o próximo nível
No final de 2012, as empresas na América Latina
deram um passo para trás no Bring your Own Device (traga seu próprio
dispositivo - BYOD) devido ao crescimento dos dispositivos móveis
levados pelos funcionários, então a taxa de empresas que permitiu o uso
de dispositivos móveis pessoais na organização foi de 33%; contudo, para
o fechamento de 2013 houve uma recuperação, chegando a 43% de
crescimento.
Atualmente, as organizações alcançaram melhor
compreensão da importância de desenvolver uma estratégia de mobilidade
integrada que inclua não apenas os dispositivos, mas todo o ecossistema
móvel. Isto se reflete no fato de que a metade das empresas que permitem
o uso dos dispositivos pessoais com responsabilidade está incorporada
dentro de uma plataforma de movile device management (MDM).
O grande crescimento da base instalada de
dispositivos trouxe um forte impacto em correlação com o tráfego de
consumidores. De acordo com uma pesquisa recente da IDC, os tomadores de
decisão em TI esperam que o tráfego derivado da utilização de tablets
cresça 55% em 2014, enquanto o tráfego de smartphones e laptops aumente
34% e 26%, respectivamente.
Esta tendência de mercado está mostrando uma
crescente maturidade em termos de usos de dispositivos móveis e
ferramentas que conduzirão os conceitos BYOD/consumo da América Latina
para se tornarem "Mobile First”. Este
conceito requer uma abordagem diferente para a estratégia móvel, para
que a gestão móvel se torne a base fundamental para garantir a gestão
dos diferentes componentes: dispositivo, conectividade, aplicativos,
segurança, acesso, identidade, conteúdo, controle de informação, análise
e apresentação de relatórios.
7. A próxima onda de Mobilidade Empresarial: Do E-mail para os aplicativos corporativos
A adoção de aplicativos móveis na América Latina é
bastante convencional, sendo o e-mail a principal (e na maioria dos
casos a única) ferramenta que está sendo mobilizada em mais de 90% das
empresas da região. A mobilização dos aplicativos relacionados ao
negócio, tais como o ERP, gestão de relações com clientes (CRM),
automação de força de vendas, automação de trabalhos de campo, ainda
representa não mais que 20% da adoção em 2013.
No entanto, há inúmeros fatores que permitem
prever um padrão diferente para 2014. Em primeiro lugar, os gigantes da
indústria de TI estão focando fortemente oferta de mobilidade. Em
segundo lugar, a força de trabalho móvel está experimentando um grande
crescimento ano após ano no mundo, e a América Latina não é a exceção.
No final de 2014, mais de 40% dos funcionários na região será móvel, o
que significa que trabalharão longe de suas mesas e o uso de
dispositivos móveis será essencial para as rotinas diárias. Além disso, a
crescente base de dispositivos com responsabilidade pessoal aponta para
um crescente poder de computação nas mãos dos funcionários, que ao
mesmo tempo ajudarão as empresas a serem mais produtivas e competitivas,
tendo em vista a crescente pressão dos clientes, sócios e funcionários
para a inovação.
A IDC espera que mais de 30% das organizações
empresariais latino-americanas mobilizem aplicativos relacionados com a
empresa, como a automação de serviços de campo, automação do fluxo de
trabalho, CRM e ERP durante 2014.
8. A Internet das coisas (Internet of Things – IoT) irá acelerar através do B2B
Muito se falou em 2013 sobre a Internet das coisas
(IoT), ampliando a capacidade dos dispositivos conectados praticamente
até o infinito. A IoT engloba as soluções tecnológicas que permitem uma
comunicação contínua e autônoma entre as máquinas. Neste contexto, é
fácil prever que o maior volume de negócios relacionados com a IoT será
de empresa ao consumidor (Business to Consumer –
B2C) com conceitos como “lar conectado”, “carro conectado”, “carteira
móvel”, “roupa inteligente”, entre outros; onde milhões de conexões
inteligentes entre os dispositivos irão impulsionar a dinâmica do
mercado. No entanto, segundo a IDC, “na América Latina estamos em etapas
muito incipientes, de fato que é no campo das empresas (Business to Business –
B2B) onde vemos mais oportunidades de negócios criados através da Iot.
Em 2014, veremos as organizações evoluindo neste conceito de
conectividade através de quatro modelos diferentes de conexão: dados
através de redes, pessoas através de dispositivos, processos através de
aplicativos e coisas através de máquinas”.
Para 2014, somente na América Latina, a IDC
espera que 17,5 milhões de dispositivos novos estejam conectados entre
si de forma autônoma. Em termos de receitas, a IDC projeta que no
mercado da América Latina, a IoT se tornará um negócio de cerca de US$ 4
bilhões em 2014 (englobando não somente a conectividade, mas também
hardware, software, plataformas, integrações e ferramentas de análise),
com um crescimento anual de 30% até 2017.
9. As razões para a adoção de dispositivo se distanciarão dos dispositivos, centralizando-se no uso e criação de conteúdo
O comportamento bipolar do mercado de dispositivos
de consumo no último ano não é nenhum segredo. Enquanto o mercado
tradicional de PC desktop / portátil tem estado em crise a nível global,
na América Latina não foi diferente, já que teve uma redução de 7%, o
que representou 34 milhões de unidades vendidas em 2013. Por outro lado,
as tecnologias de alta mobilidade (tablets e smatphones) continuaram
vendo um forte crescimento de 80%, representando 111 milhões de
dispositivos. Cifras que não devem mudar muito em 2014. Quanto à
categoria de PCs, está previsto que em 2014 continuem diminuindo (8%);
ao contrário dos smartphones/tablets que crescerão 28%, para 142 milhões de unidades.
Este movimento do PC para outros tipos de
dispositivos continuará mudando o paradigma do que o ecossistema
considera dispositivos essenciais de computação, onde a criação e uso do
conteúdo não necessariamente se centralizarão no dispositivo; mas que
isso se incluirá além do sistema operacional do dispositivo e tomará
forma no contexto do aplicativo e do conteúdo.
2014 será um ano de maior expansão dos
diferentes provedores de conteúdo na América Latina, o que os
impulsionará a modificar seus modelos de negócios para determinar o
conteúdo ideal para fornecer preço e custo, bem como para forjar
alianças, como os tradicionais modelos de hardware nestes diversos e
rentáveis ecossistemas novos.
10. Os projetos relacionados à educação e à geração "Y" irão impulsionar o crescimento dos dispositivos computacionais
Durante a última década, a sociedade da informação
na América Latina se beneficiou de inúmeras iniciativas, tanto do setor
público como privado, destinadas a ampliar a base instalada de PC e
contribuir para fechar a brecha digital. Neste sentido, houve maior
diversificação destes meganegócios, onde os PCs de negócios deram lugar
aos tablets, notebooks e netbooks nos projetos governamentais e educacionais em geral.
A diversificação destes dispositivos, não só
está atraindo os usuários finais na região por causa dos aplicativos
versáteis, mas também para os investidores (governos) devido a um custo
mais baixo para implantar megaprojetos. Isto nos leva a pensar que se os
pontos de preço da tabela continuarem diminuindo em comparação com os
preços médios atuais dos netbooks, sua absorção irá acelerar significativamente. A IDC espera que em 2014 tenhamos 1,3 tablets vendidos para cada notebook na
América Latina. Mais de 52% dos tablets vendidos em 2014 estarão abaixo
de US$ 249, preço que será similar para um laptop de baixo custo.
A América Latina tem sido o lar de muitos
megaprojetos para a educação nos últimos anos, sendo a Argentina e
Venezuela os campeões claros neste caso, com a entrega de milhões de netbooks aos
alunos em um período relativamente curto. Enquanto isso, o governo
federal mexicano anunciou que 4,1 milhões de PCs serão implantados em
cinco anos.
As previsões específicas para o Brasil serão apresentadas na primeira semana de fevereiro, pela IDC Brasil.