MVNO deixará de ser promessa em 2012
Daniel Bichara
No final de 2010, a Anatel definiu as regras para as novas operadoras
virtuais de telefonia celular, conhecidas como MVNOs (Mobile Virtual
Network Operators). Estas novas operadoras utilizam a rede de
telecomunicações e radiofrequências das operadoras já estabelecidas.
As MVNOs encontrarão um usuário insatisfeito e saturado com planos e
pacotes de serviços muito similares e com ofertas de novos telefones
celulares “amarradas” a planos de fidelização. Um indício significativo
do fracasso desse modelo de oferta é a popularidade de aparelhos
celulares com dois ou mais chips: os usuários buscam brechas para pagar
cada vez menos pelo serviço porque não percebem qualquer valor agregado
ou diferença entre as operadoras.
Ainda segundo estudo da Anatel, a maior insatisfação dos usuários é com
a qualidade do serviço. Nesse ponto, surgiu o debate a respeito da
capacidade dessas novas operadoras de suprir esse mercado insatisfeito e
saturado, uma vez que utilizam a mesma infraestrutura de operadoras que
já estão em atuação.
O tema é interessante e devemos iniciar o questionamento pelo ponto
central: o que define qualidade? A qualidade é a percepção do usuário a
respeito de todo o escopo de serviços prestados, incluindo o “sinal”
disponível no aparelho e indo muito além, alcançando o atendimento e a
oferta adequada de pacotes e a cobrança correta. Nesse ponto, as novas
operadoras MVNOs terão muito espaço. E têm plena condição de
atendimento.
Por utilizarem infraestrutura compartilhada, as MVNOs exigem um
investimento inicial reduzido. Isto possibilita o florescer de ideias e
abordagens inovadoras para os serviços de telecomunicações aonde "foco"
será uma palavra-chave. Este cenário permite a operação de redes com
apenas alguns milhares de assinantes e mudará o formato como as
operadoras se relacionarão com seus clientes, elevando a confiança e a
satisfação.
Trabalhar com foco permitirá às MVNOs manter uma relação de identidade
com seus clientes e uma comunicação direta com nichos muito específicos.
Aqui, a MVNO apresenta seu viés “marketeiro”. Dada suas condições, é
possível criar uma MVNO apenas para jovens que gostam de videogame. Ou,
ainda mais específico, um determinado console ou um tipo de jogo, como
os games de luta. Ou mais específico ainda: jovens que gostam de games
de luta do UFC, e assim por diante.
Este direcionamento vai ao encontro da ideia básica da regulamentação
das MVNOs: a viabilização das operações de nicho para ampliar o SMP
(Serviço Móvel Pessoal), aumentar a competição e a diversidade de
serviços. Em geral, será possível imaginar clubes de futebol, bancos e
redes de varejo oferecendo pacotes especiais para determinados grupos de
consumidores. Também podemos chamar esta movimentação de verticalização
dos serviços, uma tendência da telefonia móvel com a chegada da MVNO.
A MVNO é um novo meio de comunicação com o público das empresas, é o
tempero do serviço “commodity", com valor agregado e identidade.
Daniel Bichara é diretor de tecnologia da Bichara Tecnologia
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