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sábado, 9 de março de 2013

Copel Telecom: novo player nos mercados de acesso, TV paga e serviços na nuvem.


  Tele.sintese


A Copel Telecom decidiu potencializar o uso de sua rede de fibra óptica, que chega aos 399 municípios do Paraná.


A estatal, que até agora vendia apenas capacidade no atacado, vai para o varejo, ofertando acesso à internet para clientes residencias e pequenas e médias empresas. O serviço começou pela cidade de Irati, na região Centro-Oeste do estado, onde a empresa já conquistou 400 clientes (90% residenciais) para o Bel Fibra (Banda Extra Larga via Fibra Óptica), nome dado ao serviço de acesso banda larga, que usa a tecnologia GPON.

Na fase inicial, a operadora vai cobrir 25 cidades para testar o modelo, fazer ajustes e medir o retorno do investimento, conforme informou Antonio Carlos de Melo, superintendente de Telecomunicações da Copel. Mas a meta é mais ambiciosa e inclui a oferta de serviços de valor adicionado, como o de voz, em parceria com a Sercomtel, de TV por assinatura, video on demand e serviços na nuvem. “Hoje a conectividade é um diferencial, mas amanhã será apenas um meio para a oferta de serviços”, justifica Melo.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Tele.Síntese – A Copel Telecom concluiu a rede, que já chega aos 399 municípios do Paraná. Com o backbone pronto, quais os planos a partir de agora? Há intenção de fazer também o backhaul?
Antonio Carlos Pereira de Melo – Fizemos um esforço grande para chegar a todos os municípios e somos o único estado que tem uma opção, fora a da concessionária incumbent. Pretendemos trabalhar em segmentos de municípios maiores, médios e menores. O investimento em backbone foi para fomentar a economia local, seja de ISPs, ou de prefeituras, para uma opção que barateie os custos dos serviços. Agora, a Copel vai fazer investimento no acesso, quer ser uma opção em acesso de banda larga tanto no residencial quanto para pequenas e médias empresas. Para isso, a empresa está fugindo um pouco do esquema comercial, fazendo um mix entre o desenvolvimento do estado e atuação empresarial. Nossa meta é cobrir os municípios onde não há concorrência para ser uma opção de mercado. A ideia é pular os 30 municípios que tenham mais de uma operadora e fazer o atendimento nos demais.

Tele.Síntese – Qual o perfil desses municípios?
Melo – Tem de tudo um pouco e essa proposta não é tão rígida, porque temos necessidades a serem cobertas. Por exemplo, começamos em Curitiba porque havia necessidade de aumento da rede, neste caso, por questões técnicas. Depois fomos para Ponta Grossa, a sexta cidade do Paraná, portanto, também grande, e também pela necessidade de rede, e para Irati, um município com 50 mil habitantes mas sem concorrência.

Tele.Sintese – Nesses municípios a Copel já esta comercializando o acesso ou ainda esta na fase de testes?
Melo – Ponta Grossa foi postergado e entra em final de abril, começo de maio, porque tivemos problema de falta de mão de obra. Para 2014, queremos chegar com o acesso a mais 25 municípios. Como estamos saindo do atacado para o varejo, queremos primeiro fazer experiências pequenas, consolidar o modelo, seja de ativação, manutenção, bilhetagem ou call center, para entrar com mais força no ano seguinte.

Tele.Síntese – Que produto estão oferecendo? É só banda larga ou tem outros serviços?
Melo – Nosso serviço de acesso chama-se Bel Fibra (Banda Extra Larga via Fibra Óptica), é focado em pequena e média empresa, e em residência, com custo competitivo, mas totalmente em fibra. É um FTTH puro, vamos até dentro da residência.

Tele.Síntese – A empresa já obteve a licença de SCM junto a Anatel?
Melo – Até o ano passado tínhamos SCM para a região II, e agora obtivemos para o Brasil inteiro. E pedimos uma licença nacional porque a Copel Energia está se expandindo, tem empreendimentos de energia em dez estados, e acabamos fazendo operações para dar suporte ao negócio.

Tele.Síntese – A meta de 25 cidades para 2014 não é modesta para uma empresa do porte da Copel?
Melo – Este ano íamos fazer uma cidade apenas, Foz do Iguaçu, mas verificamos no orçamento que era possível fazer mais cidades e colocamos mais duas no roadmap – Marechal Cândido Rondon e Telêmaco Borba. Nessas, pretendemos implementar este ano e, em 2014, as demais para chegarmos as 25, exatamente o número não fechamos, mas é nessa linha. Esse número, pequeno, é devido à nossa capacidade de investimento e de ativação. Tivemos muita dificuldade de mão de obra, é uma operação totalmente em fibra, preciso que faça fusão em poste, tem que capacitar esse pessoal. Tanto que Ponta Grossa, que é uma cidade grande e está próxima a Curitiba, postergarmos única e exclusivamente por questões de mão de obra para fazer a rede privada e a secundária. Em Irati é um misto entre capacidade e demanda. Começamos no final do ano, nosso prazo de ativação era de sete dias, mas hoje passamos para 20 dias porque a demanda é maior do que imaginávamos e a mão de obra contratada não conseguiu atingir a produtividade esperada.
Também queremos avaliar o retorno do investimento, a capacitação de pessoal. Escolhemos fazer poucas cidades em 2013 exatamente para criar essa cultura interna, para ser um ano de ajuste. Se a gente sentir que tem folego para fazer 40 cidades, fazemos as 40. Se não conseguirmos as 25, fazemos dez. Mas sabemos que não temos tempo a perder. A tendência é aumentar a velocidade; só não queremos criar uma expectativa e não poder cumpri-la.

Tele.Síntese – Qual a estratégia para divulgar os serviços nos municípios?
Melo – Como as cidades são menores, isso acontece de maneira mais fácil. Se comparar Irati com Curitiba, eu vendi mais lá do que aqui. Nas cidades menores, o movimento da instalação já divulga o serviço. No caso de Irati a associação comercial nos procurou, depois virou notícia na rádio local. A ação mais pontual é a entrega de um folder junto com a conta de luz. Em Irati, já temos 400 assinantes.

Tele.Síntese – O que vocês estão entregando para esse assinante, é só o acesso ou tem algum serviço de valor adicionado?
Melo – Usamos a tecnologia GPON e colocamos a fibra dentro da residência e colocamos um modem óptico. Em alguns produtos oferecemos também WiFi. A partir de 60 Mbps o WiFi é gratis.

Tele.Síntese – Quais são os pacotes que vocês estão oferecendo?
Melo – Tem pacotes de 20 Mbps a 100 Mbps e quem contrata acima de 60 Mbps tem o roteador WiFi. Na oferta conjunta de telefonia fixa, em parceria com a Sercomtel (tem concessão STFC para Londrina e Tamarana e tem autorização para os demais municípios do Paraná), que oferece VoIP em duas linhas, o pacote de internet com velocidade de 20 Mbps e o serviço de voz, é oferecido por R$ 89,90 (neste caso, o desconto é de R$ 20; sem a telefonia a internet custa R$ 109,90).

Tele.Síntese – Há planos para a oferta de novos serviços como o de TV por assinatura?
Melo – Sem dúvida. Estamos trabalhando fortemente nisso, mas ainda não sabemos se será por meio de parcerias ou uma operação própria da Copel. Ainda estamos avaliando a oferta de serviços de valor adicionado, não só de TV paga, mas também de nuvem e video on demand ainda este ano.  

Tele.Síntese – Com quem vocês estão negociando?
Melo – Ainda estamos conversando, não posso divulgar. Vamos aproveitar o potencial da fibra, colocando serviços que possam agregar valor, a um custo competitivo – o preço de Curitiba é o mesmo de Irati. O interessante é o perfil que estamos percebendo. Aqui em Curitiba não vendemos mais porque temos dificuldade em atender prédios, pelo problema da mão de obra que já falei, então, começamos fazer com equipe própria e não damos conta da demanda. Temos mais de 400 prédios esperando para serem atendidos.

Tele.Síntese – Quantos clientes tem em Curitiba?
Melo – É uma operação pequena, com pouco mais de mil clientes, 70% residenciais e 30% empresariais. Em Irati o perfil é muito mais residencial, chega a 90%; e 10% corporativo, de pequenas e médias empresas. Lá ainda não entramos com o serviço de voz porque a Sercomtel teve problemas para interconexão e vai entrar este mês; já vendemos telefonia antecipado. A gente sente que o mercado tem uma demanda reprimida, quer ter uma opção.

Tele.Síntese – Você falou sobre a oferta de serviços na nuvem. Qual é a ideia?
Melo – Vamos definir em qual mercado atuar. Temos o serviço de data center mas só hospedagem, e temos projeto de construir outro data center. Os serviços de nuvem dependem do mercado em que se vai atuar. Se a entrega é para grandes empresas, é um determinado tipo de aplicação; se for mais varejo, é outra abordagem. Ainda estamos na fase de análise. A gente imagina que o negócio de data center, concentrado no Paraná, é importante para a nossa conectividade – hoje ela é um diferencial, mas amanhã será apenas um meio para a oferta de serviços.

Tele.Síntese – Na área de smart grid, como estão as experiências?
Melo – Smart grid é na área da Copel Energia. O que posso comentar é que, quando falamos em smart grid como um movimento mundial, as razões no Brasil são diferentes dos demais países. Aqui, está muito voltado para resolver o problema da perda de energia e no exterior é eficiência, outras aplicações. A área de Energia está fazendo seus testes, mais voltados para a automação da rede. No caso da medição, é um pouco mais complexo porque passa pela troca do medidor. O piloto está sendo realizado na cidade de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. A Copel Telecom fornece os meios. Nessa cidade há protótipos de todo tipo de solução. Colocamos inclusive uma rede WiFi, além da fibra. Nesse caso, o piloto é nas duas áreas e a cidade tem acessos urbanos e rurais, ou seja, vários perfis para testar as diferentes soluções.

Tele.Síntese – O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, defende a construção de uma infraestrutura para atender 55 milhões de residências, com a participação também dos estados. No caso do Paraná, a Copel Telecom pode ser uma parceira?
Melo – O interesse do Estado é sempre o de facilitar as iniciativas que atendam aos cidadão. Estamos conversando (com a Telebras) para estudar as alternativas que podemos oferecer não só para governo mas também para a infra da Copa do Mundo. Se olharmos um mapa de fibra de Curitiba não é preciso fazer nada para a Copa. Para se ter uma ideia, a rede GPON que colocamos era porque a rede convencional estava esgotada nos seus troncos, porque se espalhou por toda a cidade, então, colocamos uma rede em cima.

Tele.Síntese – Você comentou que a principal ação da Copel Telecom é uma ação de marketing junto aos clientes da Copel Energia. Quantos clientes tem a empresa, ou seja, qual a sua potencial carteira de clientes para o acesso?
Melo – A Copel Energia só não está em seis municípios, nos demais, tem 4 milhões de clientes. Nossa ideia é estar em todos, à exceção daqueles 30. Pagamos o aluguel do poste para a Copel da mesma forma que pagamos para a CPFL. A única diferença é que na Copel temos mais facilidades de projeto, de negociação, para usar os postes. A gente convive bem com todo mundo. Nosso modelo de infraestrutura de fibra é aberto. A gente fala em Sercomtel mas podemos ter outros parceiros de voz.

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